O cientista americano Bruce A. Beutler, o francês Jules A. Hoffmann e o canadense Ralph M. Steinman tiveram seus méritos reconhecidos por "revolucionar nosso conhecimento do sistema imunológico ao descobrir princípios cruciais para a sua ativação." A descoberta dos três cientistas serviu para combater doenças contagiosas, desenvolver vacinas e no avanço da luta contra o câncer.
Beutler e Hoffmann compartilharão a metade do prêmio pelo estudo da década de 1990 da imunidade inata. Eles descobriram proteínas receptoras que conseguem reconhecer os microorganismos que atacam o corpo e que ativam a "imunidade inata", o primeiro passo da resposta imune do corpo.
Hoffmann investigava em meados da década de 1990 como as moscas da fruta combatem as infecções, e dispunha para isso de exemplares desses insetos com mutações em vários genes, como os receptores Toll, proteínas com um papel importante na adaptação do sistema imunológico. Ao infectar as moscas com bactérias ou fungos, observou que aquelas que tinham mutações nos receptores Toll morriam porque não eram capazes de construir uma defesa efetiva. O cientista descobriu que os receptores estavam envolvidos no processo de detecção de microorganismos patogênicos e que era necessário ativá-los para conseguir uma reação bem-sucedida.
Já Beutler, buscava um receptor para fixar os lipopolissacarídeos (LPS), polímeros que formam uma espécie de camada protetora das células bacterianas. Ele descobriu que os ratos resistentes aos LPS tinham uma mutação em um gene muito similar ao gene Toll das moscas da fruta, o que demonstrou que os mamíferos e as moscas da fruta usam moléculas similares para ativar a imunidade congênita e combater microorganismos patogênicos. As descobertas de Hoffmann e Beutler impulsionaram a pesquisa na área da imunidade congênita, e atualmente foram identificados em humanos e ratos mais de dez receptores similares aos Toll.
Steinman - que morreu três dias antes de receber o prêmio, na sexta-feira, 30, aos 68 anos - receberia a outra metade pela descoberta duas décadas antes das células dendríticas. O cientista canadense demonstrou que estas células possuíam uma capacidade única para ativar os linfócitos T, fundamentais na imunidade adaptativa e no desenvolvimento de uma memória imunológica contra diferentes substâncias. Deste modo, Steinman conseguiu revelar como o sistema imunológico adaptativo é ativado e como se relaciona com a imunidade congênita.
O comitê, que não sabia de sua morte devido a um câncer pancreático quando o escolheu para receber o prêmio, está revisando as normas para decidir o que fazer agora, já que o Nobel não é normalmente concedido postumamente. "Ele foi diagnosticado com câncer pancreático há quatro anos e sua vida foi prolongada por meio de uma imunoterapia com base em células dendríticas que ele mesmo criou", disse a universidade no comunicado publicado em seu website.
O membro do comitê do Instituto Estocolmo Karolinska Hans-Gustav Ljunggren disse que as farmacêuticas utilizam essas descobertas para desenvolver melhores vacinas, ainda que nenhuma delas esteja no mercado. "Algumas vacinas contra hepatite estão para sair, grandes testes clínicos estão sendo realizados hoje", explicou Ljunggren.
Ao longo do século passado, os componentes do sistema imunológico foram identificados de forma progressiva, e várias dessas descobertas foram premiadas com o Nobel de Medicina. Mas os mecanismos de ativação da imunidade congênita e de mediação entre esta e a imunidade adaptativa eram um enigma até os estudos dos três ganhadores do Nobel de Medicina 2011.
Ao anúncio do Nobel de Medicina seguirão esta semana os de Física e Química, terça-feira, 4, e quarta-feira, 5, o de Literatura, na quinta-feira, 6, e o da Paz, na sexta-feira, 7. Na próxima semana, dia 17 de outubro, também será conhecido também o Nobel de Economia.
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